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segunda-feira, 4 de julho de 2011

“O Brasil não é homofóbico”, esclarece Magno Malta sobre motivos para que PL 122 seja arquivada

“O Brasil não é homofóbico”, esclarece Magno Malta sobre
motivos para que PL 122 seja arquivada
Em entrevista ao Congresso em Foco, o senador Magno Malta explicou seus motivos para agir
contra o Projeto de Lei 122 e também deixou claro que ele só disse que iria renunciar caso o
projeto fosse aprovado porque tem certeza de que a pauta não será aprovada, já que a maioria
dos parlamentares da Comissão de Direitos Humanos é contra esse projeto.
O senador que é evangélico também comentou que encontrou o deputado federal Jean Wyllys no
elevador e o convidou para uma conversa (que ainda não aconteceu). Magno Malta está disposto
a, juntamente com ele, discutir um novo texto para barrar a homofobia.
“Um texto para dar satisfação ou descarga na consciência, porque a Constituição já diz que nós
somos iguais. Então nós vamos criar um texto para dizer de novo que nós somos iguais, que o
respeito dado ao índio, ao negro, ao judeu é o mesmo que tem de ser dado ao homossexual?”
disse o senador.
Confira a entrevista na íntegra:
Congresso em Foco – O senhor chegou a dizer que renunciaria ao mandato caso fosse
aprovado o projeto que torna crime a homofobia. A promessa continua de pé?
Magno Malta – O que eu quis dizer foi o seguinte: eu tento tanta certeza de que ele [o projeto]
não vai ser [aprovado], que eu disse que renunciaria. Muitos eleitores, e mesmo pessoas da
imprensa, deram publicidade a essa minha fala em outro contexto. No dia em que os hackers
invadiram a página da presidenta Dilma, naquela madrugada também houve uma invasão à
minha página, inclusive colocando a “digital” na invasão, porque citavam exatamente elementos
para o que o PL 122 fosse aprovado, para que eu renunciasse. Estão tentando transformar isso
numa luta entre evangélicos e homossexuais. E não é. Eu, que presido a Frente Parlamentar da
Família, sei que tem pessoas de segmentos religiosos diversos, gente que não professa fé
nenhuma, que pensa da mesma forma. E que fazem parte da Frente, e somos maioria absoluta
na Comissão de Direitos Humanos. Qualquer coisa que vier [a favor do projeto], certamente não
terá sucesso.
Mas quando a senadora Marta Suplicy fala que o projeto pode voltar à estaca zero, isso não
significaria uma recuo na luta contra o preconceito?

Esse número [PL] 122 é podre. Não aprovaremos nada com esse número. Eu encontrei esse
rapaz, o [deputado] Jean [Willys]. Estávamos eu ele e o ascensorista apenas, e eu disse a ele:
“Você está falando muita bobagem a meu respeito”. Porque ele dá entrevista dizendo que meu
discurso é odioso, que eu disse que todo homossexual é pedófilo. Isso é uma mentira, onde está
escrito isso? Eu sempre faço a defesa da opção das pessoas. Eu disse a ele: “Olha, isso [o PL
122] apodreceu. Eu topo conversar com você, no meu gabinete. Vamos discutir um texto novo”.
Um texto para dar satisfação ou descarga na consciência, porque a Constituição já diz que nós
somos iguais. Então nós vamos criar um texto para dizer de novo que nós somos iguais, que o
respeito dado ao índio, ao negro, ao judeu é o mesmo que tem de ser dado ao homossexual? Ou
mesmo a um garoto que nasceu com deficiência, um garoto estrábico, que não pode ser zombado
na escola? Ora… Então vamos fazer, só para dar descarga na consciência? Vamos fazer. Está na
Constituição, são as relações de boa convivência. A nossa dívida constitucional é essa, é respeitar
as pessoas, as suas opções. Agora, com a participação de todos os partidos, vamos começar do
zero, com novo número. Porque o PL 122 é um defunto, está morto.
Qual o problema com o número 122?
Porque é o “PL da Homofobia”, coisa e tal. O Brasil não é homofóbico, esse termo é uma
desgraça que criaram. Por exemplo, você chega em casa e vê um casal heterossexual se beijando
em baixo de sua janela, você fala e pede: “Amigo, minhas crianças estão aqui”. Se você pedir para
um homem e uma mulher, eles não vão pedir para você ser preso. Quer dizer que você pode falar
para um casal hetero que se contenha e não pode falar para um casal homossexual? Isso é uma
brincadeira!
Esse é um dos pontos do projeto, deputado. Na sua opinião, qual o pior ponto do PL?
Todos são muito ruins. Ele tem sutilezas demais. Uma das sutilezas brabas é essa: se você não
aceitar a opção sexual de alguém, você comete um crime. Se esse texto for aprovado assim, estão
legalizadas também a pedofilia, o sadomasoquismo, a bestialidade da relação com animais, a
necrofilia, que é relação sexual com defuntos… Quer dizer, qual a lei que o juiz vai obedecer?
Qual será a interpretação dele?
Mas isso que o senhor está citando é crime …
A lei maior se sobrepõe à menor. Vai ficar uma dúvida. O advogado do pedófilo vai poder pegar
essa lei e alegar que essa é a opção sexual dele, que ele gosta de garoto de 9 anos de idade, de
2 anos. E aí? O juiz vai decidir como, se tem uma lei que diz que se você não respeitar a opção
você é que é o criminoso? E o pedófilo deixa de ser criminoso. Olha que troço louco! Por exemplo,
uma viúva pode dizer: “Meu defunto vai ficar aqui no prédio, eu quero viver com ele aqui mais dez
anos, embalsamado. E o fedor entrando… A viúva pode levar um bode pra dentro do prédio, um
jumento, até porque você só comete crime com animais silvestres e exóticos. Bode, jumento não
estão nesse meio. Se isso for legalizado, como é que decide o juiz? São sutilezas. E essas
pessoas que estão defendendo isso…
Mas, senador, será que não existe mesmo preconceito? Há, por exemplo, a questão da não
contratação de homossexuais só por causa da orientação sexual…
Esse é outro absurdo. Se você não admitir um homossexual, cinco anos de cadeia. Se você
demitir, sete. Se você não alugar seu imóvel, sete também. Dá problema de cadeia.
O senhor está dizendo que não será admitida a demissão de um homossexual se ele for
incompetente?
Não vai! De jeito nenhum! E outra, se ele colocar o currículo na sua empresa, aí você se lascou.
Você vai ter de admitir, se não vão ser sete anos de cadeia. Quer dizer, você pode demitir um
negro, um índio, você pode demitir uma pessoa com deficiência. Você pode não alugar seu imóvel para um portador de deficiência que você não vai preso. Segundo o PL 122, se for um
homossexual, aí você vai preso. Então, estão criando um império homossexual no Brasil, uma
casta diferenciada em detrimento de uma grande maioria que não aceita isso.
Mas mesmo que o projeto tenha contradições, o senhor não teme que o acirramento dessa
discussão possa aumentar os casos de violência contra homossexuais no país?
Não conheço essa violência que eles falam.
Mas e os casos registrados na Avenida Paulista, no centro de São Paulo?
Mas e a Cracolândia? E a Avenida Dom Pedro? E o Glicério, e a Praça da Sé, em São Paulo? Eu
conheço a violência contra nordestinos, contra mendigos, contra meninos de rua, contra meninas
de rua, que são violentadas, contra viciados. A violência que se faz quando se mata de fome
milhares de famílias neste país, que são expostas ao relento. A violência é contra todos! Quem
tem coragem de espancar ou matar um homossexual tem coragem de fazer isso com um idoso,
um portador de deficiência. Não adianta trazer estatística, porque aí eu vou trazer mais estatísticas
de gente que morreu no trânsito, atropelada por ricos. Por políticos bêbados, que se recusam a
fazer [teste de] bafômetro]. Agora foi o [ex-deputado federal] Índio da Costa, antes foi o Aécio
[Neves, senador], que não têm exemplo nenhum para dar a ninguém – um foi candidato a
vice-presidente e o outro, agora, quer ser presidente. E se recusam a fazer bafômetro? E os
anônimos, vão cobrar o quê dos anônimos? Então quer dizer que não tem proteção para um
indivíduo que ficou tetraplégico porque foi atingido por um indivíduo desse, bêbado, na avenida?
Tem proteção pro outro, que, para se proteger, diz que não faz bafômetro. Morre gente no trânsito
todo dia, gente fica tetraplégica todo dia. O Brasil é um país violento. O uso e o abuso de drogas,
que é o adubo da violência, faz vítimas todos dos dias, e não são homossexuais. É só ver as
ocorrências de mortos pelos hospitais e delegacias que você vai ver que 99% são pessoas
estavam vindo do trabalho, foram assaltadas, e morreram. Ou o cara que morreu dentro da rave
[festa eletrônica], foi assaltar e morreu. Ou o outro que morreu dentro da boca de fumo. Essa
história de colocar a violência contra homossexual para criar polêmica, que é um casuísmo muito
grande, essa não vale.
O senhor teme ser comparado com o deputado Jair Bolsonaro?
Não. Acho que o homem é a sua decisão, é o que ele defende. E cada qual tem o direito de
defender o que quer e o que acredita.
O que o senhor acha do deputado Bolsonaro?
Eu o respeito, porque ele tem posição. Só não respeito quem não tem posição, quem é camaleão,
que fica da cor da situação para tirar proveito. Agora, ele é um sujeito incisivo, duro. Eu não. Eu
sempre respeitei os homossexuais. Os homossexuais pagam imposto, trabalham, tem muitos
prestando serviços a esse país, e precisam do nosso respeito. Eu trabalho na recuperação de
drogados há 30 anos, e está cheio de drogados homossexuais. Eu sempre os recebi. Eu sou
presidente de um partido que, em meu estado, tem travesti.
O senhor acha que homossexualismo é questão de doença?
Eu não entraria nesse mérito. Eu sei que Deus criou macho e fêmea. Fulana está grávida de um
menino ou de uma menina. Você não diz que fulana está grávida de um homossexual, não existe
isso! Agora, se o homem, por conta da sua cultura, quer se envolver com outro homem, isso é
velho! No capítulo 1º de Romanos, a Bíblia diz o seguinte: “Por que se inflamaram na sua
homossexualidade?”. Eu sou um homem cristão, e acredito nos moldes de Deus, macho e fêmea.
Eu não acredito [em desvios sexuais], vou lutar até o final. Esse Senado da República não vai
criar um terceiro sexo.
O senhor está certo, então, de que o projeto não será aprovado?
Completamente certo. Eu estou inclusive propondo banir essas audiências públicas e sugerir que
se coloque em votação. Bota pra votar. Vamos enterrar esse defunto de uma vez, jogar terra em
cima dele. E, se quiserem, vamos discutir um texto genérico só pra dar satisfação à consciência.
Então o senhor não vai renunciar…
De jeito nenhum.
Fonte: Congresso em Foco

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