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quarta-feira, 27 de julho de 2011

O filósofo frances Luc Ferry afirma que o amor é a proposta mais tentadora do Cristianismo

Lançado no Brasil este mês, o livro ‘A Tentação do Cristianismo’, traz o debate de dois grandes filósofos franceses, Luc Ferry e Lucien Jerphagnon a respeito de como Cristianismo conseguiu fazer a cultura ocidental apropriar-se dele.
Em entrevista ao Estadão, o filósofo Luc Ferry, presidente do Conselho de Análises da Sociedade – órgão ligado a presidência da França, declara que a proposta mais tentadora do cristianismo através da mensagem de Critso é sem dúvida alguma o amor, que conseguiu fundir a fé e a história.
Ferry explica que as grandes filosofias, nada mais são do que “doutrinas de salvação” sem Deus, o que a diferencia da salvação pregada pela religião. Na filosofia para alcançar a bem aventurança durante a vida e a salvação é necessário que se vençam os medos, os fazendo pela própria força e pelo racionalismo, já nas religiões monoteístas é alcançado mediante a fé em “Outro” e pela fé.
O co-autor Luc Ferry faz uma comparação estabelecida através da citação de Simone Weil (grande filosofa cristã) sobre o amor ágape. Deus teria criado o mundo por amor, não para mostrar seu poder e força. Deus teria deixado de ser para que houvesse o ser. “… se refletirmos melhor, frequentemente é assim que nos comportamos com os nossos filhos. Às vezes, estamos dispostos a nos retirar para deixá-los em paz (…) a nos privar para dar a eles, economizar para que eles possam gastar”, diz ele.
Para ele  não devemos confundir a mensagem de Jesus ao que a Igreja fez como instituição política fez dessa mensagem ao longo de toda a Idade Média. Ferry lembra que ao contrário do que pretende a visão moral aristocrática, a dignidade de um ser não depende dos talentos que ele recebeu ao nascer, mas do que ele fez com esses talentos, não da natureza e dos dons naturais, mas da liberdade e da vontade, quaisquer que sejam as dotações iniciais. Evidentemente, existem entre nós desigualdades naturais.Segundo Ferry o que  importa no cristianismo é o que cada um fará com a soma dos talentos adquiridos ao nascer (falando a cerca da parábola dos talentos, encontrada no evangelho de Mateus). É o trabalho que valoriza o homem, e não a natureza. E é preciso compreender bem o alcance moral incomparável dessa simples afirmação. Em um universo ainda impregnado de ética aristocrática, é essa definição naturalista e aristocrática da virtude que o cristianismo fará literalmente voar em pedaços. Sua argumentação é muito simples e encontraremos sua versão secularizada em todas as nossas doutrinas morais republicanas e humanistas. No entanto, nada têm a ver com a virtude. A prova disso é que basta refletir o fato de que todos os talentos e os dons naturais, e sem a menor exceção, podem ser colocados tanto ao serviço do bem quanto do mal.
Mesmo não sendo cristão Luc Ferry diz que se fosse para um ilha deserta o livro que leveria consigo, seria o do Evangelho de João, sendo este um livro que adverte a respeito do amor, o que segundo o filósofo é o que de mais tentador te o cristianismo.
É evidente que a mensagem do amor continua atual no cristianismo, e inclusive mais atual do que nunca. É ela que é, ousaria dizer, “tentadora”. Porque é uma evidência que cega de tão óbvia, que atravessa e subverte continuamente nossa vida privada e no entanto, como se fôssemos tímidos, mal ousamos falar a seu respeito fora da intimidade: é o amor que dá sentido a nossa vida. Todo mundo sabe, todo mundo percebe. O que é menos evidente é que esse poder dos sentimentos nem sempre foi supremamente importante. Como mostro no meu último livro, Révolution de L”Amour, na verdade, ela está ligada a uma história ainda desconhecida: a da invenção, na Europa, do casamento por amor. Sob o efeito da passagem das uniões arranjadas para as uniões escolhidas, o ideal da paixão substituiu paulatinamente as fontes tradicionais de sentido e os antigos valores que foram sacrificados. Em termos filosóficos, o sagrado não é tanto o oposto do profano quanto aquilo pelo qual poderíamos nos sacrificar, dar a nossa vida. E, de fato, os ocidentais partiram para a guerra em nome da religião, da nação e da revolução. Mas quem gostaria ainda hoje em dia, pelo menos entre nós, de morrer por Deus, pela pátria ou pelo comunismo? Ninguém ou quase ninguém, felizmente. Mas, para os que amamos, estaríamos dispostos a tudo. Além do ideal das Luzes, dos direitos do homem e da razão, uma segunda idade do humanismo está prestes a nascer. Ela subverte a vida privada e a coletiva. Não é mais a glória do império, nem mesmo a da pátria que agora inspira a política moderna, mas uma questão totalmente diferente: a das gerações futuras, ou seja, dos nossos filhos, e do mundo que vamos querer deixar-lhes como herança”, afirma Ferry sobre a “tentação do cristianismo”.
Fonte: Gospel+

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