Padre Marcelo Rossi, padre Fábio de Melo, bispa Sônia Rodrigues, pastor Silas Malafaia. Numa Bienal do Livro superlativa, de recorde de público (670 mil pessoas em onze dias, número 5% maior do que o de 2009), de exemplares vendidos (2,8 milhões, contra os 2,4 milhões anteriores) e de faturamento (R$ 58 milhões, contra R$ 51,5 milhões), religiosos que dão expediente como escritores ajudaram a alavancar as vendas.
Livros como “Ágape” (Globo), o best-seller de 6 milhões de cópias do padre Marcelo, o mais vendido na Bienal, “Tempo de Esperas”, do padre Fabio, e “Vivendo de Bem com a Vida”, da bispa, integram o segmento que mais cresce no País, segundo a última pesquisa do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, realizador da Bienal, com a Fagga Eventos e a GL Events. Em 2010, o incremento foi de 40%, em relação a 2009. Esta Bienal teve 25 editoras especializadas; em 2009, eram 16.
A histeria em torno do padre Marcelo foi tamanha – cerca de 15 mil pessoas só para vê-lo, concentradas num só horário, o que provocou falta de água e vagas no megaestacionamento do Riocentro – levou a organização a repensar os limites da feira. A partir de 2013, é possível que um espaço fora dos pavilhões seja destinado só para atrações extras e superpopulares. “Fugiu do nosso controle”, admitiu Arthur Repsold, da GL Events. “Foi feita uma campanha muito forte pelo rádio, da qual não tínhamos conhecimento.” O padre chegou a ficar com a mão machucada depois de mais de mil autógrafos, foi levado ao posto médico. Passadas dez longas horas, sem conseguir mais pegar na caneta, improvisava bênção coletiva.
A presença dele repercutiu nas vendas de outros livros católicos Na Ediouro, os do padre Reginaldo Manzotti se esgotaram; na Paulus, saíram os títulos de teologia e os infanto-juvenis.
“Vamos embora muito felizes. Trouxemos três mil exemplares de Paiva Netto e estamos zerados”, dizia, domingo à noite, o representante da editora Elevação, “ecumênica”. Na Central Gospel e em outras editoras evangélicas, a Bienal também foi de lucros altos.
Escritores de mais prestígio, brasileiros e estrangeiros (Luis Fernando Verissimo, Ferreira Gullar, Gonçalo M. Tavares, Michael Connelly) e grandes vendedores (Anne Rice, William Young), em especial os infanto-juvenis (Thalita Rebouças, febre Bienal após Bienal, Eduardo Spohr, Alyson Noël, Lauren Kate, a novata Hilary Duff), num total de 134 autores na programação cultural e mais de 700 nos estandes, atraíram milhares de seguidores nas mesas e nos corredores. Além deles, personalidades que nunca escreveram uma linha – Ronaldinho Gaúcho autografou até gibi.
“Nossa expectativa era conservadora, e conseguimos fazer a melhor Bienal de todos os tempos”, dizia a presidente do Snel, Sonia Jardim, a três horas do fim da maratona de vendas e mesas. Quem vai só para passear é minoria: “Setenta e seis por cento das pessoas compraram livros, e o número de exemplares subiu de 4,8 para 5,5.”
De máquina fotográfica nas mãos, as crianças e adolescentes estão mesmo tomando conta da Bienal: 110 mil passaram pelo espaço Maré de Livros. Os menores pegavam os exemplares dispostos à altura das mãos; os maiores, em grupos grandes e barulhentos, brincavam de formar frases com caracteres de computador. A visitação escolar também cresceu. Um outro dado positivo, num momento em que se discute o baixo índice de leitura entre os educadores, foi a frequência de professores: 80 mil (eles tiveram entrada gratuita). O índice é 15% maior do que o de dois anos atrás.
Fonte: Tribuna do Norte
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