A transformação religiosa pela qual o Brasil vem passando expõe uma mudança cultural gradativa e significante na formação da sociedade brasileira. O crescimento dos evangélicos caminha lado a lado com o crescimento econômico do país, porém, sem relação direta.
As políticas econômicas do governo federal, adotadas a partir de 1994, ano da adoção do plano Real, com queda significativa da inflação e os programas de distribuição de renda, que se iniciaram ao final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, fizeram com que mais de 30 milhões de pessoas saíssem da linha de miséria nos últimos dez anos.
Atualmente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que alimentaram um estudo do economista Marcelo Nery, os evangélicos no Brasil chegam a 20% da população, alcançando algo próximo a 40 milhões de pessoas. Em termos econômicos, os evangélicos são formados majoritariamente por pessoas das classes sociais C e D, justamente as que mais tiveram crescimento de poder aquisitivo nos últimos anos.
Isso explica, em parte, o crescimento do mercado de produtos ligados à fé, como a música gospel e a literatura cristã, e promove até, o surgimento de novos nichos de mercado de consumo, como fábricas de roupas e lojas especializadas em moda evangélica, voltada basicamente para o vestuário feminino, obedecendo as doutrinas das igrejas.
A música gospel no Brasil tem alcançado crescimento significativo, que pode ser analisado com base no investimento de gravadoras multinacionais que passaram a investir nesse nicho. Os maiores exemplos são aSony Music e a Som Livre. Parte desse crescimento é também creditado à doutrina ensinada nas igrejas de que crime é pecado e que a pirataria é crime, além é claro do crescimento do poder aquisitivo dos evangélicos, que acompanha o crescimento econômico do país.
Esse crescimento econômico tem proporcionado também o surgimento de novas opções de compra para o público em geral, que aos poucos vai descobrindo formas seguras de comprar pela internet, através dos chamados sites de e-commerce. A febre dos sites de compras coletivas pela internet no Brasil também chegou ao mercado de produtos gospel, com o surgimento de lojas que oferecem produtos com descontos consideráveis e grande variedade de produtos.
Um exemplo de site de compras coletivas voltado para produtos gospel é o Clube Ovelhas, que oferece produtos cristãos com até 70% de desconto. As opções variam desde CD’s e DVD’s, até livros e ingressos para shows e gravações de artistas cristãos. A extensa lista possui inúmeros produtos, com itens de educação e entretenimento para crianças, como livros para colorir e assinatura de revistas especializadas em temas cristãos. Tudo isso sempre com desconto, que é possibilitado pelo grande número de pessoas que buscam os produtos.
A diversificação dos produtos e serviços voltados ao público evangélico chega também ao turismo religioso, com o ressurgimento das grandes caravanas organizadas por igrejas a locais descritos na Bíblia Sagrada como cenário de passagens bíblicas. Viagens a Israel ganharam atrativos, como a presença de artistas e pastores conhecidos do grande público. Não é só a Terra Santa que voltou a atrair o interesse de fiéis à procura de viagens temáticas. O ministério Diante do Trono tem realizado cruzeiros marítimos, com a presença da líder Ana Paula Valadão, além de músicos e pastores convidados para palestras e ministrações durante os dias do cruzeiro.
Outro importante indicativo do crescimento do poder aquisitivo dos evangélicos é a presença de fiéis na rede mundial de computadores. A cada ano que passa, novos blogs e sites de igrejas surgem, e as comunidades dedicadas a assuntos cristãos nas redes sociais atingem milhares de participantes, como por exemplo, fan pages no Facebook, ou perfis de pastores e artistas no Twitter, que alcançam milhões de seguidores. ABíblia Sagrada no Facebook, sozinha, possui mais de 630 mil seguidores.
O item que maior talvez melhor represente o crescimento do poder aquisitivo dos evangélicos é o apoio financeiro que os fiéis oferecem a pastores e igrejas que mantém programas em emissoras de televisão. Entre as principais emissoras brasileiras, com exceção de Globo e SBT, todas as outras possuem horários de sua grade alugados para igrejas evangélicas, que transmitem cultos, além de mensagens e testemunhos. Embora não alugue horários de sua programação para religiosos, a TV Globo já observa o crescimento do poder aquisitivo dos evangélicos, e criou o Festival Promessas, voltado ao público evangélico.
Recente pesquisa do “Centro para o Estudo do Cristianismo Global” apontou o Brasil como o segundo país que mais envia missionários para outros países, enviando somente em 2010, aproximadamente 34 mil missionários e ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Esse crescimento do trabalho missionário também está ligado ao crescimento do poder aquisitivo dos evangélicos brasileiros.
Projeções da Sepal, uma organização voltada ao suporte de pastores e líderes, em 2020 a população evangélica no Brasil poderá chegar a 109 milhões de pessoas, algo próximo a 50% da população total do país, de acordo com informações publicadas no blog Olhar Cristão. Atualmente, o Brasil já é a sexta economia do mundo, e os economistas projetam que o crescimento econômico continue por mais pelo menos uma década, devido aos grandes investimentos que tem sido feitos para receber eventos globais de esportes, como Copa do Mundo e Olimpíadas.
Com o quadro atual, pode-se esperar um cenário, para os próximos anos, bastante promissor, no quesito de crescimento do mercado de produtos voltados para o público evangélico brasileiro.
Redação Gospel+
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