A Inglaterra, que no passado deu ao mundo grandes defensores da fé cristã como John Wesley e Charles Spurgeon nos últimos anos tem se notabilizado pelos ateus famosos nascidos ali. Um dos que tem mais evidência é Richard Dawkins, biólogo autor de best-sellers como O Gene Egoísta e Deus: um delírio, que vem, por mais de três décadas, desafiando todos aqueles que possuem alguma convicção religiosa.
Quando se trata de defender a bandeira do ceticismo e do ateísmo, poucos têm sido tão contundentes quanto ele. Mas em uma entrevista recente, perguntado sobre que tipo de vantagens tem a sociedade com a moral e os ensinamentos que o cristianismo oferece, Dawkins surpreendeu a todos.
Embora para ele a existência de Deus seja tão provável quanto “fadas, duendes e lobisomens”, não negou a existência de Jesus como personagem histórico. “Jesus foi um grande mestre moral. [...] Uma pessoa tão inteligente como Jesus teria sido ateu se soubesse o que nós sabemos hoje”.
É claro que essas palavras não foram à toa, estavam dentro de um contexto. A intenção de Dawkins em dar um parecer positivo sobre Jesus, não diminui a aversão que ele mostra pela fé em geral. Esse tipo de argumento usado em um veículo de comunicação de massa não é de todo incomum. O recurso busca atrair a simpatia do ouvinte/leitor para que o próximo argumento da discussão seja aceito mais facilmente. Serve como um “quebra-gelo” em conversas difíceis.
Provavelmente Dawkins não quis ser puramente malicioso com essa afirmação embora ao mesmo tempo saiba que esse tipo de declaração parece ser um insulto para muitos. Em especial por ter declarado pouco tempo antes que a religião é como um vírus pernicioso que toma controle da vida das pessoas. O grande argumento do discurso de Dawkins é que uma pessoa não precisa ser religiosa para ser boa e ter uma convicção moral sólida.
Não faz sentido algum para os que creem na Bíblia concordar com uma doutrina diametralmente oposta ao que as Escrituras ensinam. Em um país aonde a maioria da população vem de famílias cristãs, a figura de Jesus evoca uma imagem positiva. Mas a premissa de Dawkins é tão equivocada quanto dizer que Gandhi insistiu em advogar a não violência por reconhecer a superioridade do governo britânico. Mesmo desconsiderando o aspecto teológico que reconhece a divindade, se o Jesus histórico fosse ateu, nada do que ele disse teria valor.
A entrevista de Dawkins para John Harris no programa National Conversations durou cerca de meia hora, mas abordou várias questões, desde a influência da religião na política, passando pela ascensão do fundamentalismo islâmico no Reino Unido e o ensino religioso nas escolas.
Traduzido e adaptado por Gospel Prime de Info Católica e Guardian
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