Robert Nesta Marley, ou
simplesmente Bob Marley, morreu em 21 de maio de 1981. Seu pesado caixão de
bronze foi levado para o topo da colina mais alta da vila Nine Mile, onde, 36
anos antes, ele havia nascido.
Juntamente com o corpo embalsamado de
Marley, estavam no caixão a sua guitarra vermelha Gibson Les Paul e uma Bíblia
aberta no Salmo 23. No final da cerimônia, sua viúva, Rita, jogou um pé de
maconha.
O funeral foi precedido de um culto de
uma hora de duração para a família e amigos íntimos na Igreja Ortodoxa Etíope
da Santíssima Trindade, celebrado por Abuna Yesehaq, arcebispo da Igreja no
hemisfério ocidental. Ele contou que havia batizado Marley em Nova York, em
novembro do ano anterior, logo após seus últimos shows no Madison Square
Garden. Seguindo a tradição etíope, Bob recebeu um novo nome durante o
batismo: Berhane Selassie, ou “Luz da Trindade”.
Logo após as 11 da manhã, o culto
começou com um hino anglicano, “Ó Deus, nossa ajuda em épocas passadas”,
acompanhado pelos percussionistas da United Africa Band. Como a melodia do
antigo hino, o arcebispo, leu passagens do Livro de João, em Ge’ez, uma antiga
língua da Etiópia.
O governador-geral da Jamaica leu um
trecho de 1 Coríntios: “O último inimigo a ser destruído é a morte” A
congregação cantou outro hino conhecido, “Quão Grande És Tu”. Logo depois, foi
lido parte de 1 Tessalonicenses 3: “Por esta razão, irmãos, ficamos consolados
acerca de vós, em toda a nossa aflição e necessidade, pela vossa fé, Porque
agora vivemos, se estais firmes no Senhor”.
O ritual fúnebre tipicamente cristão
parece estranho para alguém que ficou mundialmente conhecido por ser seguidor
do rastafarismo, seita tipicamente jamaicana que proclama Hailê Selassiê I,
imperador da Etiópia, como a representação terrena
de Jah (Deus). O termo rastafári tem sua origem em Ras
(“príncipe” ou “cabeça”) Tafari (“da paz”) Makonnen, o nome de Selassiê
antes de sua coroação.
O motivo disso é que a família de Bob
Marley sabia, embora não aceitasse que o cantor recebera Jesus como seu Senhor
e renegara o rastafarismo.
A jornalista Christine Thomasos do site
Christian Today Austrália, cita uma entrevista de 1984 que o arcebispo Yesehaq
deu ao jornal Jamaica Gleaner.
“Bob era realmente um bom irmão, um
filho de Deus, independentemente de como as pessoas olhavam para ele. Ele
tinha o desejo de ser batizado há muito tempo, mas havia pessoas próximas a ele
que tentavam controla-lo e que estavam ligadas a um ramo diferente do Rastafari. Mas
ele vinha à igreja regularmente”.
De acordo com Thomasos, Yesehaq
explicou que o câncer terminal de Marley foi a motivação por trás de sua
conversão: “Quando ele visitou Los Angeles, Nova York e a Inglaterra, ele
compartilhou sua fé ortodoxa, e muitas pessoas dessas cidades vieram à igreja
por causa do Bob.
Muitas pessoas pensam que ele foi
batizado porque sabia que estava morrendo, mas não foi assim. Ele fez isso
quando já não havia qualquer pressão sobre ele. Quando ele foi batizado,
abraçou sua família e chorou, todos choraram juntos por cerca de meia hora”.
Andre Huie, do site GospelCity, escreve
sobre o testemunho de Tommy Cowan, amigo íntimo de Bob Marley e esposo da
cantora gospel jamaicana Carlene Davis. Cowan diz: “o que pode ser uma agradável
descoberta para alguns é que Marley, pouco antes de morrer, confessou Jesus
Cristo como Senhor. Em outras palavras, ele negou que Haile Selassie era
Deus (como Rastas acreditam) e confessou a Jesus como o único Deus vivo e
verdadeiro”.
Falando sobre o batismo de Bob Marley,
Tommy disse ter ouvido o bispo descrever assim o batismo: “Em um
momento ele (Bob) chorou por 45 minutos sem parar,
suas lágrimas molharam o chão. O Espírito Santo desceu
sobre seu corpo e ele gritou três vezes: “Jesus Cristo, Jesus,
meu Salvador, Jesus Cristo”.
Traduzido e adaptado de Guardian, Christian Today e Beliefnet
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