Um dos eventos mais importantes da Igreja Evangélica Alemã (luterana), denominação a qual pertencem a chanceler Angela Merkel e o presidente Joachim Gauck, está causando polêmica por ter indicado a banda punk feminina Pussy Riot para o Martin Luther-Preis (Prêmio Martinho Lutero). Os maiores protestos são de luteranos alemães e russos.
A comissão deste prêmio está sediada em Wittenberg, na Saxônia, onde o reformador Martinho Lutero pregou suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo, em 1517. Seu lema é “a palavra sem medo” e, por essa razão, nomeou o grupo punk que está preso desde o início do ano.
Alguns teólogos afirmam terem recebido a notícia com espanto, classificando a indicação de “uma visão muito estranha sobre Deus”. Friedrich Schorlemmer, por exemplo, as acusou de “blasfêmia”. A comissão teológica que fez aindicação afirma que a banda “tornou-se um ícone global da liberdade de expressão”.
As membros da Pussy Riot, Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich, ficaram famosas após invadirem dia 21 de fevereiro uma missa na igreja ortodoxa Catedral de Cristo Salvador. Elas protestaram contra o presidente russo Vladimir Putim e tocaram uma música-oração direcionada à Virgem Maria, onde mencionavam o apoio político dos ortodoxos ao presidente. Menos de um minuto depois de ter começado a sua “performance” elas foram presas no altar da igreja.
O grupo foi condenado a dois anos de prisão, acusado de “vandalismo motivado por ódio religioso”. Aliójina (24 anos) e Tolokónnikova (22) continuam na prisão. Yekaterina trocou de advogado, conseguiu na justiça um efeito suspensivo recentemente e está solta.
“Essas meninas foram muito corajosas”, observa Heiner Geissler, ex-secretário-geral do Partido Democrata Cristão da Alemanha, e ex-ministro de Família, da Juventude e da Saúde. “Certamente, Jesus teria ficado ao lado dessas meninas. Ele protestou no templo e recriminou os sacerdotes por participarem de negócios ilícitos”, afirmou ao jornal Der Spiegel.
A Pussy Riot fez exatamente a mesma coisa, de acordo com Geisseler “protestaram contra a Igreja Ortodoxa, conivente com o poder do Estado e os oligarcas financeiros russos”. Se a banda não ganhar o prêmio, Geissler acredita que isso indicaria “o triunfo de uma teologia perversa”.
O ex-subprimeiro-ministro da Saxônia, Reinhard Hoeppner, também saiu em defesa do grupo punk. “Na época da Alemanha Oriental [comunista], grupos de oposição fizeram muitos protestos sob o teto da igreja”, afirmou Hoeppner, que liderou por muitos anos a Igreja Evangélica Alemã na Província da Saxônia e Presidiu o Sínodo local.
O Júri do Prêmio Martinnho Lutero anunciará sua decisão publicamente em 10 de novembro. A banda disputa a premiação de dez mil euros com o ambientalista Michael Beleites e a pastora Waltraut Zachhuber.
Traduzido de ABC e Spiegel
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